Amnésias Topográficas II foi complementado por um projeto de paisagismo, onde plantas comuns invadiram as palafitas. Havia jardins suspensos e plataformas de madeira, e uma grande superfície de fibra de coco envolvia toda a encosta. A tela de fibra de coco foi mais do que um indutor de cobert0ura vegetal. Ela transformou aquela uma paisagem de entulho em uma topografia cênica, abrangendo toda a encosta até descer morro abaixo, ocupando o lote vago como se fosse um tapete de brotos de capins. Toda a superfície do chão foi coberta pela tela e tudo parecia morros côncavos e convexos de coco fibroso gerando, segundo a crítica Ana Luiza Nobre, “um grande manto de onde começa a brotar a vida”.

Além dessa superfície agrícola, as gramíneas subiam pelas vigas para chegar às alturas palafitadas. Caixas de pinho, as mesmas usadas para transportar frutas, serviram para plantar mais capins. Foram 180 caixas com 28 mudas cada (ou 5.040 mudas) ocupando uma área de 100 m2 e apoiadas em vigas “I”. Alpiste e milho – gramíneas conhecidas por serem rápidas – atingiram 50 centímetros com apenas um mês de vida. Arroz e capim meloso, um pouco mais lentos, foram importantes para gerar variações de textura e tons (possuem verdes mais claros), além de causarem nuances volumétricas interessantes no mato suspenso. Outras plantas invasoras e/ou comestíveis levadas às palafitas: azevém (Lolium multiflorum), aveia (Bromus catharticus), braquiária (Brachiara decumbens) e capim-mel (Melinis minutif lora), além de milheto e milho-preto.

Veja também o ensaio Amnésias Topográficas no portal online Vitruvius.

Fotos: Eduardo Eckenfels, Bruno Magalhães, Carlos Teixeira