A maquete do projeto Enxertos Arquitetônicos foi feita em 2009 para a 8ª Bienal de São Paulo (ver Enxertos) . Os troncos da maquete foram feitos a partir da sobra de uma poda de leiteiro-vermelho (Euphorbia cotinifolia L.), arbusto de folhas avermelhadas que, quando cortado, solta uma seiva branca abundante, daí seu nome popular. Depois da Bienal, a maquete ficou no IAB de São Paulo até mês passado, quando finalmente fomos buscá-la. E parece que esses quatro meses de IAB serviram como uma incubadora de decompositores: foi talvez por serem tão ricos em seiva que os troncos do leiteiro-vermelho tenham favorecido o aparecimento de tantos fungos de formas tão bizarras.
Assim como a planta original do projeto Enxertos Arquitetônicos – um pau-brasil jovem que, pouco a pouco, tem engolido as arruelas e a barra rosqueada que o atravessa, – a maquete também se mostrou em transformação, só que a partir de uma planta morta. É curioso porque Enxertos… é um projeto que usa não só plantas vivas, mas também plantas mortas como motivo de paisagismo, como os arbustos secos encontrados pelo jardim que foram pintados de magenta. Daí então que essa maquete mofada é uma representação do objeto e do processo do jardim, o que não deixa de ser uma analogia inesperada e serendipitosa.